No vai-e-vem
desta estrada de carne a gente brinca de esquecimento. Amnésia para amenizar o
amor. Ou talvez a parte dele que é a falha.
Beirando
esta indecisão gritante vem o choro. É que quando o corte é fundo, a dor
escorre pelos olhos. Não há outro meio. Têm cicatrizes que demoram a se fechar,
que se proliferam para o resto do corpo e atingem o coração. Têm sentimentos
inexplicáveis e contraditórios: angústia e satisfação, vaidade e opressão.
Mas, não há
tanto o que dizer, afinal, o que está feito, assim é. Os nossos dias de hoje, de alguma
forma estão vinculados ao passado. Não erramos quando falhamos uma vez;
aprendemos. Ainda que esta única vez tenha sido realmente a única, a última,
inédita, contornada de dúvidas. Há pessoas que não permitem que tenhamos
segundas chances, e terceiras, e quartas... Inexoráveis corações e obstinados
desde os fios de cabelo, não podem ser julgados. São carne humana, são gente;
eis os errantes.
Se eu
pudesse contar o número de estrelas que há no Céu....Ah, não! Esqueçamos o
clichê. Sejamos francos, temos tanta coisa para fazer, para quê contar o número
de estrelas? Joga no Google! Ainda, falando sério, não conheço uma pessoa nesta vida que seja
feliz sem ter amado ao menos uma vez. O sentimento só é real quando se submete
às provações, passa por elas, é atenuado e renasce. Na verdade, é como um adubo.
É um ciclo viciante, um criadouro de cinismo. Quem não sabe retirar o mel da
colmeia, fica com as abelhas. Assim é o amor: você vai chorar um dia. E daí? Se
não chorar, não amou, meu caro. Nem que seja de felicidade! Afinal, o sorriso
dele (a) não é o mais bonito do mundo?
Pois bem,
ainda que algumas abelhinhas insistam em pousar no coração enamorado, ele
saberá espantá-las para que elas não o perfurem.